domingo, 5 de junho de 2011

Edição d'Os Lusíadas

Apenas uma ambição: editar Os Lusíadas. Macambúzio, roupa apertada e esgarçada, restos de altivez, o poeta pede ajuda ao Conde de Vimioso, D. Manuel de Portugal. Permissão real para levar adiante o seu projecto. Júbilo. O censor, Frei Bartolomeu Ferreira, concede-lhe o imprimatur. Mas antes, lê o poema e faz algumas modificações: limpeza de certos indícios de impiedade.Na oficina do Mestre António Gonçalves, à Costa do Castelo, a obra de Camões ganha corpo. Desatenção: duzentos exemplares cheios de erros tipográficos. Correm os primeiros meses de 1572.
Após a publicação, D. Sebastião, o jovem monarca, concede ao poeta uma tença trienal de 15 mil réis, ou seja 40 réis por dia, "em respeito aos serviços prestados na Índia e pela suficiência que mostrou no livro sobre as coisas de tal lugar". Vale lembrar que, nesta época, um carpinteiro ganha em média 160 réis por dia. A pensão é renovada em 1575 e novamente em 1578. Conta-se que o poeta sobrevive juntando estes proventos às esmolas recolhidas pelo escravo javanês.
O seu nome começa a fazer eco. Composições líricas e até cartas suas - uma escrita em Ceuta, outra na Índia e mais duas escritas em Lisboa - passam a ser recolhidas em cancioneiros particulares manuscritos.


imprimatur- Palavra latina que significa imprima-se, com a qual as autoridades eclesiásticas e antigos censores régios exprimiam autorização para poder imprimir-se qualquer obra.

Luís de Camões: Quando e o que aconteceu.

1524 ou 1525: Datas prováveis do nascimento de Luís Vaz de Camões em Lisboa;
1548: Desterro no Ribatejo; alista-se no Ultramar;
1549: Embarca para Ceuta; perde o olho direito numa escaramuça contra os Mouros; 1551: Regressa a Lisboa;
1552: Numa briga, fere um funcionário da Cavalariça Real e é preso;
1553: É libertado; embarca para o Oriente;
1554: Parte de Goa em perseguição a navios mercantes mouros, sob o comando de Fernando de Meneses;
1556: É nomeado provedor-mor em Macau; naufraga nas Costas do Camboja;
1562: É preso por dívidas não pagas; é libertado pelo vice-rei Conde de Redondo e distinguido seu protegido;
1567: Segue para Moçambique;
1570: Regressa a Lisboa na nau Santa Clara;
1572: Sai a primeira edição d’Os Lusíadas;
1579 ou 1580: Morre de peste, em Lisboa.